domingo, 25 de abril de 2010

Educação e Desenvolvimento



Dois pesquisadores franceses, após uma pesquisa de 32 anos, demonstraram que desenvolvimento econômico sem desenvolvimento humano, é insustentável.
Utilizaram dois parâmetros para avaliar o desenvolvimento Humano. Educação e saúde.

Com esses indicadores, temos dois cenários. Países equilibrados, e países desequilibrados. Um país pode estar equilibrado com os dois indicadores altos, ou os dois indicadores baixos. Um país desequilibrado tem desenvolvimento econômico, e falha no desenvolvimento humano, ou o contrário.

Agora a parte interessante. Os resultados dessa avaliação.

1 - Países com um bom desenvolvimento econômico e humano, tendem a manter esse quadro. Dificilmente um país nessas condições vai sofrer quedas.

2 - Do outro lado, países com equilíbrio negativo, tendem a manter essa situação. A maioria absoluta dos países que estavam nessa situação na década de 60, mantém essa situação até hoje.

3 - Desenvolvimento econômico, sem desenvolvimento humano, é insustentável. É o caso do Brasil na década de 60. Aliás, o Brasil passa pelo mesmo problema agora. Diversas áreas já sofrem pela falta de mão-de-obra qualificada. Um país nessa situação, não consegue alimentar o próprio crescimento, e sucumbe.

4 - Países em desenvolvimento, que optam por investir no lado humano, tem uma chance muito maior de alcançar o chamado 1° Mundo, do que países que só investem no desenvolvimento econômico.

Os resultados são bem claros. Ou se investe em educação, ou mesmo um país com excelentes condições econômicas, vai sucumbir.

Agora vamos observar o Brasil. Estudos demonstraram que apenas 25% da população adulta brasileira é plenamente alfabetizada. Ou seja, apenas 1/4 dos brasileiros adultos conseguiria ler e entender um texto como esse. Nenhum país conseguiu virar uma potência mundial sem educação nos últimos 30 anos. É improvável que o Brasil seja o primeiro.



Ainda pior. Ao longo do tempo, o Brasil só teve perdas na educação. Quando comparamos o ensino superior no Brasil da década de 70 com outros países desenvolvidos da América Latina, como Chile e Argentina, nossa educação não era muito defasada. Atualmente, essa comparação é vergonhosa para o Brasil. E o quadro é ainda pior quando comparamos com países da Europa. Mesmo países com problemas, como a Itália, ficam muito na frente do Brasil.

A lição é clara e objetiva

Sem educação = Sem desenvolvimento

Não temos como fugir disso. Qualquer política que tenha como objetivo mudar o Brasil, tem na educação a chave para isso. E não estamos falando de universidades com nível internacional. Em um país, onde apenas 1/4 da população compreende esse texto na íntegra, o problema é muito mais elementar. É preciso ensinar as pessoas a pensar, a interpretar, a compreender o conhecimento, e só o ensino básico faz isso. Temos que investir em universidades, CLARO! Mas temos que realizar um esforço ainda maior na educação mais elementar. Sem bons professores, sem condições adequadas de ensino, sem uma rede de ensino público eficiente e de qualidade, o Brasil nunca vai mudar. Vamos continuar sendo apenas a terra do Carnaval, do futebol, do turismo sexual, e do analfabetismo.




Aos Mártires de Nossa Ignorância

Vamos voltar um pouco no tempo e observar uma caverna na África, há 15.000 anos. Imaginem nossos antepassados reunidos em volta do fogo, ouvindo alguma história do ancião do bando. Ele transformou-se em uma presa fácil. Em breve, abandonará o bando, ou será atacado por um algum predador. Os jovens escutam, avidamente, aquela que pode ser sua última história.

O fogo chega ao fim, suspira com as últimas brasas, tornando ainda mais míticos os olhos do ancião. O ar pesado do dia cede espaço à escuridão. Um clarão ilumina a entrada da caverna, apenas um segundo depois um estrondo preenche o mundo. Todos se encolhem tremendo, algumas crianças começam a choram, uma jovem que teve seu primeiro filhote começa a entrar em pânico. Então, a voz grave do ancião atinge os ouvidos de todos, primeiro um som chiado, a mão em frente a boca. As crianças silenciam. A mão do ancião passa em torno dos ombros da jovem mãe, que repousa a cabeça nos ombros do ancião, enquanto aperta com mais força sua cria contra o peito.

O velho começa a contar sobre um dos Grandes, um dos chamados Além do Mundo. Ele conta como o Grande Leão,que habita as nuvens, ao perceber seu eterno inimigo, o Grande Falcão mergulhando para um ataque, Ruge com enorme ferocidade, e preenche o mundo com o ribombar de seu poderoso corpo. Nós também podemos observar o início de mais uma das batalhas.

- Lembram do clarão antes do Rugido? Questiona o velho para todos. E ele mesmo responde:

- Era o Pai Sol, brilhando acima das nuvens, que iluminou as asas prateadas do Grande Falcão, e alertou o Grande Leão sobre o ataque.

O ancião continua falando, e paulatinamente todos vão se acalmando. O velho conta sobre o início da Guerra, quando o Pai Sol decidiu que a vasta Planície merecia companhia. Ele criou o Grande Leão, e o Grande Falcão, e então a grande Guerra começou. Os ferimentos dos Grandes Espíritos, ao sangrar nutriram a Grande Planície, e ela floresceu. E sempre que os animais e as plantas começam a morrer, e precisam de mais vida, os Grandes espíritos em sua batalha, doam mais um pouco de sua vida para a Planície, que novamente se enche de esplendor. É por isso que ao batalhar com as outras tribos, deixamos os muito feridos e os mortos para o mundo. O sangue deles se mistura ao sangue dos Grandes Espíritos, e nutre o mundo.


Quantas outras histórias parecidas foram criadas ao longo da história da nossa civilização? Quantas noites foram dedicadas pelos homens mais sábios de sua época, em contemplação às tempestades? Quantas perguntas foram feitas? Quantas vezes nossos antepassados tremeram perante o poder de Zeus, Thor, Shiva…? Quantas virgens foram sacrificadas para aplacar a fúria de algum Deus tirano para que ele enfim mandasse chuva para as plantações?

Nossos antepassados, das mais diferentes épocas, sofreram o mesmo problema daquele pequeno bando, e desenvolveram as mais ricas histórias para explicar os fenômenos que estavam além da sua compreensão. Nossa ignorância, nosso medo frente ao desconhecido já causou muita dor, muitos sacrifícios. Será que não temos responsabilidades sobre essas mortes?

O que pensariam essas vítimas da ignorância humana, esses pobres indivíduos, que se sentiram orgulhosos no sacrifício, se tivessem conhecimento dos mecanismos que controlam as chuvas e as tempestades?

Olhando para o presente, podemos observar os homens sábios de nosso tempo, que continuam a contemplar as tempestades, com mais assombro e reverência que em qualquer outra época. Não por temor ao desconhecido como nossos antepassados, mas justamente pelo contrário. Não precisamos mais atribuir esses fenômenos aos deuses, pois hoje conseguimos explicar os mesmos. Pense sobre como ocorrem as grandes tempestades, procure no Google sobre a importância das chuvas nos ciclos biogeoquímicos, fundamentais para a manutenção dos ecossistemas atuais. Pensem nos primórdios da vida. Vamos observar as cianobactérias contaminando o ambiente com Oxigênio. Veja a água dos mares se tornando cada vez mais clara, enquanto o Ferro que lhe conferia uma cor alaranjada se combina com esse novo oxigênio, e forma os grandes depósitos de minério que são fundamentais para nossa economia atualmente.

Olhando com mais atenção para nossa história, observamos que por mais absurdas ou incognoscíveis que as perguntas possam parecer no presente, o futuro pode muito bem considerá-las triviais, simples questões destinadas às crianças.

Claro, temos nossas grandes perguntas que ainda não foram respondidas, imagino que cada tempo tenha suas próprias questões, e para aqueles que vivenciam esse momento, elas sempre são assombrosas, aterradoras, dignas de uma reverência religiosa.

Mas temos uma dívida com os “mártires” da nossa história. Devemos aos que foram sacrificados durante a jornada de nossa espécie. Eles merecem justiça. Claro que não a justiça do tipo preguiçoso, que espera por uma eventual interferência divina em algum momento.Vidas únicas com uma ínfima probabilidade de existir foram ceifadas pela nossa ignorância. Seres únicos, que nunca mais terão a oportunidade de existir, foram destruídos para aplacar o medo de nossos antepassados.

Não podemos permitir que milhares de sacrifícios sejam em vão. Possuímos a responsabilidade moral de aprender com o erro de nossos antepassados. Nossa história já demonstrou que não devemos ceder à ignorância e ao medo do desconhecido. Que essas inúmeras mortes tenham um propósito. Que cada vida perdida seja um incentivo ao conhecimento, um brado contra o temor ao divino. Que a razão nos dê discernimento para que nunca mais existam vítimas da nossa ignorância.

sábado, 24 de abril de 2010

Primeira Postagem

Sim, vamos começar com um título NADA original. Até porque o blog surgiu de um brainstorm bizarro, onde finalmente decidi um nome, e depois, mudei pra algo ainda melhor (na minha modesta opinião, claro).

Bom, o nome era pra ser Losing My Religion. Por quê? Oras, eu perdi a fé nas religiões, em um Deus, nas pessoas, nas instituições... eu realmente acredito que algo precisa mudar, e logo, ou o colapso é inevitável. Mas eu descobri que alguém já tinha usado esse nome (óbvio, mané! A música mais escutada do R.E.M já teria sido utilizada, claro!), e então, procurando alguma variação (lostmyreligion, pra ser exato) foi que aconteceu o tal brainstorm. Bom, agora vocês já perceberam o nome do blog, e já sabem porque se chama assim.

Bom, esse vai ser meu espaço pra publicar textos de divulgação científica, falar mal das coisas que desprezo, e claro, para falar do que eu gosto e desejo.
ps: Eu tenho outros textos melhores, mas como estava ansioso já pra criar logo o blog, vou usar esse aqui mesmo. Em breve vou alterar o visual, etc... AGUARDEM!!!